Com o golpe militar em 1964, os responsáveis pelas escolas, incluindo os
educadores, passaram a ser o exército. A educação passou a ter como objetivo
a consolidação do espírito nacional, para alcançar desenvolvimento econômico
e por consequência a grandeza do país.
Buscavam o ideal que estampa nossa bandeira, "ordem e progresso", e para
tal, acreditava-se que o progresso só seria possível se viesse precedido de
ordem.
Porém, para os governantes a ordem não possibilitava diálogos, renegociações
ou reformas, e o povo deveria agir de acordo com as leis impostas. Em casos
de resistências, mecanismos repressivos seriam acionados imediatamente.
O exército e as forças armadas vendiam a imagem de salvadores, pois tirariam
o país da desordem, e assim abriria portas para o desenvolvimento e para o
progresso.Logo, as primeiras medidas tomadas pelo regime militar foi impor o
silêncio, principalmente nos setores vinculados ao campo da educação.
Universidades foram invadidas por militares, estudantes, professores e
cientistas foram presos, cassados e até mesmo exilados.
No estado do Rio Grande do Norte, onde ocorreram as maiores repressões,
aparelhos de radio foram presos por latifundiários, pois este proporcionava
aprendizado da leitura e da escrita e ainda incentivava os trabalhadores a se
filiarem a sindicatos.
Os movimentos educacionais do período que buscavam a redemocratização da
sociedade eram considerados perniciosos, anti-educacional e antidemocrático,
condenando sempre o ato e a palavra conscientização.
Foi implantados em todos os segmentos educacionais, inclusive no
superior, o ensino de Educação Moral e Cívica
Em 1912 o general Caetano de Faria afirmava que os oficiais eram
apóstolos do patriotismo e dever cívico, capazes de receber, educar, instruir e
restituir a vida civil aos cidadãos, defendendo assim a atuação dos militares
nas escolas. Tinha também como projeto a união da força física dos militares
com a força moral da igreja.
A educação era baseada numa pedagogia autoritária onde os princípios
eram obediência, organização, respeito a ordem e as instituições, disciplina,
hierarquia e amor a pátria. Entre os anos de 1968 e 1971 o governo militar implanta reformas em
todos os níveis de ensino, da educação básica à universidade, vivenciando
então o chamado milagre brasileiro.
A reforma iniciou-se pela educação superior. 1968 foi então um ano de muitas
contestações, com mobilizações de ruas em quase todas as capitais do Brasil.
Foram implantados decretos que criminalizavam o movimento estudantil, pois a
resistência à ditadura eram estimulados por esses movimentos.
O governo militar criou varias iniciativas para reformar o ensino superior:
A implantação de um sistema administrativo no modelo de empresas privadas;
adição de medidas como os sistemas de créditos; organização por
departamentos ciclos básico e profissional; ênfase na privatização do ensino e
criação de universidades particulares; escolha de dirigentes universitários
diretamente pelo general presidente, entre outras. A reforma significou
renovação, pois as mudanças no ensino superior e a implantação da pós
graduação possibilitou a pesquisa universitária mesmo que militada. Sempre
sob a doutrina militar.
A universidade passa a ser voltada para a ciência instrumental e a técnica.
Torna-se uma instituição produtivista e autoritária, visando apenas o mercado
de trabalho, tecnicista e capitalista. Por contradição foi nessas instituições
publicas que se localizou os principais focos de resistência e contestações ao
estado militar.
A reforma do ensino primário e médio também se caracterizou como
instrumental, orientada para a formação de profissional e empregabilidade, com
obrigatoriedade da profissionalização e preparação de mão-de-obra.
Com a crise de 1970, os militares, agora fragilizados no poder,
precisaram medir força com outros atores que ganharam forças no cenário
político, abrandam o discurso de desenvolvimento e segurança e adotam outro,
em planos e programas educacionais que proclamam a democratização, a
participação popular nas instâncias de governo e redistribuição de renda no
país.
É nesse cenário que surge políticas educacionais para as classes baixas e
população rural.
REFERÊNCIA
GERMANO, José Willington. O discurso político sobre a educação no Brasil
autoritário. Cadernos CEDES, Campinas, v. 28, n. 76, p. 313-332, 2008.
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