Segundo a
autora, a década de 80 configurou um período de transição do debate e prática
sobre a educação de crianças pequenas.
A
educação da criança pequena enfrentava dois embates; se seu objetivo seria
assistência, elegeria o setor privado para executá-lo; ou se o objetivo seria
educar, que seria função do estado.
Isso se
dá pela fusão que se observava no período entre creche e pré-escola, que se
configurou ainda nos anos 70. Logo, a pré- escola incorpora a função
assistencial ás massas, sendo pública mas apoiando a expansão ao setor privado.
Já a creche concebe que a função educativa é melhor gerida pelo estado.
Na década
de 60, se realizou uma reformulação da UNICEF, objetivando trabalhar em contato
com os governos, a fim de se adequar as necessidades de cada país. Essa nova
abordagem levou o UNICEF a integrar projetos distintos, visando ofertar
serviços em saúde, educação,entre outros.
Logo a
atenção da UNICEF se voltou para a "transmissão de valores ás novas
gerações" (p 23). Durante a caminhada, a UNICEF se volta para a educação
pré-escolar, que até então era competência da UNESCO, enfocando no modelo
assistencial.
Em uma
conferência realizada no Chile em 1965, a UNICEF recomenda que se crie uma
coordenação interministerial para os programas que atendem a infância e
juventude.Também se recomendou que as famílias recebessem uma auxílio
financeiro, para manter a criança no lar, e que na área rural se desse
ênfase aos programas de informação aos
membros da família.
O Brasil foi
representado, nesta conferência, pelo DNCr, que apresentou um diagnóstico sobre
a educação pré-escolar no Brasil, que guiou a formulação do "Plano de
Assistência ao Pré-escolar" (p 23), que por sua vez guiaram as propostas
de pré escola de massas elaborado pelo Mec em 1968.
A
proposta do DNCr previa,além das intervenções estruturais, a criação de escolas
maternais e jardins de infância.
O ideal
buscado seria escolas capazes de atender em tempo integral a criança, mas como
isso era inviável por falta de recursos financeiros e pessoal, a solução
intermediária foram os Centros de Recreação, que deveriam ser simples e
abrigadas pela igreja, afim de não deixar a criança abandonada.
O plano
não contemplava a parte orçamentária, mas trazia que as necessidades básicas
seriam mantidas em parceria com o Ministério da Saúde, MEC e outros.
O modelo era
destinado ás populações pobres, e para sua implantação, dependia de
participação popular, seja cedendo espaços desocupados, seja por trabalho
voluntário.
Até o início dos anos 70 o modelo de educação
pré-escolar perseguida pelo MEC era a apresentada pela UNESCO em 1961. Os
primeiros sinais de um novo modelo educacional pré-primário foram emitidas pelo
CFE através de pareceres, que evidenciavam a idéia de educação compensatória
(p25).
No relatório do
CFE, a educação pré-escolar é considerada 'a primeira etapa da educação
permanente' (p25), devendo ampliar sua cobertura. "Trata-se de implementar
uma verdadeira política de educação compensatória que vise equalizar as
oportunidades educacionais(...) através da adoção de modelos não convencionais,
procurando mobilizar toda a comunidade." (p25)
Estas
recomendações apareceram em 1975 ao programa Educação 'Pré-Escolar: uma nova
perspectiva nacional' elaborado pelo MEC. A função assistencial foi assumida
como prioridade em periferias e áreas com alta taxa de mortalidade infantil. Não
havia previsão de metas para ampliar a rede, o objetivo era o fortalecimento do
novo modelo.
Simultâneo a
divulgação do novo modelo, o MEC criou o
SEPRE, inicialmente como setor, logo se
tornou Coordenadoria, se tornando COEPRE.
A proposta de
1975 do MEC se tornou modelo nacional até a Nova República. O seu impacto no
sistema educacional foi quase nulo, não se observava mudanças no tipo de
pré-escola. Seu padrão de funcionamento continuava elitista.
Foi a LBA, em
1977, através do projeto Casulo, que conseguiu implantar uma pré-escola de massa.
Na década de 80, o III
PSECD inclui a pré-escola e o 1º grau na educação básica. Lançou-se o Programa
Nacional de Educação Pré-escolar, que retoma os princípios básicos do plano
anterior.
A entrada do MOBRAL na
educação pré-escolar se refletiu rapidamente
no aumento de vagas.
Mesmo dispondo de mais
recursos, o modelo para as massas não foi facilmente implantado, diante de
resistências das Secretarias Estaduais de Educação.
MOBRAL e LBA disputaram o
mesmo cliente infantil, apoiando-se em instrumentos semelhantes- 'modelo
pré-escolar centralmente definido' (p29).
Referência:
ROSEMBERG,Fúlvia. Educação pré escolar brasileira durante
os periodos militares
Cad.
Pesq., São Paulo, n.82, p.21-30, ago. 1992
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