"Os nossos alunos saíram pelos becos e vielas da comunidade para fazerem uma pesquisa com os moradores sobre o que achavam da escola e quais atividades gostariam de encontrar lá. Quando começamos a levar os nossos alunos para a rua, o povo começou a olhar. Quebrarmos os muros da escola, integrando a comunidade ao nosso cotidiano."
Professor de Salvador (BA) conta como a escola diminuiu a evasão quando se abriu para a comunidade.
A reportagem é um exemplo claro de como o currículo tem o poder de transformar uma realidade. As teorias tradicionais de currículo já deram evidências mais que suficientes de que o modelo escolar onde o professor é o centro do processo e o aluno apenas um mero receptor do conhecimento científico tecnicista é falho, incapaz de atingir todos os alunos, principalmente os menos favorecidos economicamente. Já o relato das experiências deste colégio exalta o currículo em ação, dando voz aos subalternos excluídos de um sistema totalizante e padronizado. O ato de "quebrar os muros da escola" e integrar a comunidade no processo educacional garante a construção de um currículo mais amplo e diversificado, que respeita e considera a necessidade de cada indivíduo, consolidando sua própria cultura. As teorias pós-críticas foram muito bem incorporadas pelo colégio, agindo por meio de temáticas culturais e se construindo através de um processo participativo, disseminando o saber-poder por toda a rede social, através da abertura para os alunos atuarem como monitores dos mais novos e se posicionarem a favor das atividades culturais que mais se identificam.
Esse é um grande passo para a superação das verdades absolutas impostas pelo currículo, evidenciando a primazia do discurso sobre a realidade explicada em sua concretude, tornando-se um movimento de adaptação e resistência, em busca da legitimação das diferenças sem desigualdades.
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