Para
reverter a situação não basta garantir os recursos necessários
para melhorias nos prédios e no fornecimento de materiais e
equipamentos, mas também seria importante investir em orientações
mais operacionalizadas a Secretarias, entidades e escolas, a respeito
de especificações na aquisição e uso desses equipamentos e
materiais e também relativas às novas construções e reformas
realizadas nos prédios utilizados por creches e pré-escolas. A
preocupação com o arranjo do espaço e com o uso de um leque mais
diversificado de equipamentos e materiais precisa também fazer parte
dos cursos de formação prévia e em serviço de professores e
gestores da educação infantil, para que essas melhorias revertam em
benefício para as crianças, em seu cotidiano nas creches e
pré-escolas (CAMPOS et al, 2006).
Compondo-se
com essa situação de carência de material pedagógico, de
instalações inadequadas e de preparo insuficiente do pessoal,
nota-se uma certa despreocupação com a programação educativa
desenvolvida com as crianças. Vários estudos apontam para o
descompasso entre as concepções defendidas pelos documentos
oficiais de orientação curricular, o discurso das equipes de
supervisão, o planejamento das unidades, quando existente, e as
práticas observadas no cotidiano. Essa situação parece mais
agravada nas creches, mas também é preocupante nas pré-escolas,
onde continua a predominar um modelo escolarizante restrito. Algumas
pesquisas constataram, além disso, a falta de familiaridade e a
resistência a adoção de instrumentos de auto-avaliação
institucional, muito pouco divulgados no país (CAMPOS et al, 2006).
A
integração com as primeiras séries do ensino fundamental ainda é
incipiente, apesar da crescente incorporação das crianças de seis
anos a esta segunda etapa da escola básica. Alguns sistemas de
ensino têm adotado o regime de ciclos (agrupamento de séries, com
eliminação da reprovação ao longo do ciclo), sendo que existem
exemplos de ciclos que incorporam o último ano da pré-escola. Neste
levantamento não foram, porém, localizados estudos sobre essas
experiências. Há que se considerar o fato de a lei conferir
responsabilidade pela educação infantil e pelo ensino fundamental
prioritariamente aos municípios o que, em tese, facilitaria essa
integração (CAMPOS et al, 2006).
Por
sua vez, as políticas desenvolvidas pelas diferentes instâncias
governamentais nem sempre respeitam as diretrizes legais ou são
coerentes com elas. Como muitos textos mostraram, ainda não foi
equacionado de maneira adequada o financiamento público para
a educação infantil (Barreto, 2003; Guimarães, Pinto, 2001). Além
disso, em muitos estados e municípios persiste a mentalidade de que
creches e pré-escolas não necessitam de profissionais qualificados
e bem remunerados, de serviços eficientes de supervisão, não
requerem prédios e equipamentos adaptados às necessidades infantis,
não precisam de livros nem de brinquedos, e assim por diante (CAMPOS
et al, 2006).
Mais
ainda, persistem as concepções mais restritivas quanto à melhoria
da qualidade do atendimento, reforçadas muitas vezes por agências
internacionais que procuram incentivar serviços de baixo custo,
desconsiderando a história vivida no país, os conhecimentos já
acumulados sobre as conseqüências dessas experiências e os
esforços desenvolvidos por muitos grupos e movimentos na busca de
melhorias para a educação da criança pequena (Rosemberg, 2003). O
quadro geral que emerge desses estudos aponta assim, para uma
situação dinâmica, com importantes mudanças introduzidas na
última década, mas ainda contraditória, apresentando desafios que
parecem se desdobrar à medida que uma nova consciência sobre a
importância da educação infantil se dissemina na sociedade (CAMPOS
et al, 2006).
A
partir da leitura do texto acima, escreva
sua posição sobre a importância das políticas públicas no
sentido de organizar
adequadamente a oferta de Educação Infantil de qualidade para todas
as crianças. Após indicar os pontos fundamentais para esta
organização, comente a realidade
de sua cidade.
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