Isabel
Farias começa o capítulo IV de seu trabalho Didática e Docência:
Aprendendo a Profissão relatando a resistência dos professores
quanto ao planejamento no formato realizado pela escola, com
resquícios do modelo imposto pela ditadura militar e depois pelo
tecnicismo marcado pela globalização e neoliberalismo, que
desvalorizou a carreira de professor e desfavoreceu as condições de
trabalho, obrigando o docente a assumir mais de um turno de trabalho,
sobrecarregando-o. Este modelo trata-se de planejamentos
burocráticos, que acabam sendo engavetados. Todavia, esses
professores reconhecem a importância do planejamento, e afirmam
efetuá-lo em sala de aula, apenas são descontentes com o modelo que
é obrigado a fazer na escola. Aguiar Jr
diz
que o ato de ensinar requer ação sistemática, organizada e
intencional, pois temos o dever de introduzir os alunos na vida
cultural da sociedade, e por
isso, a importância de planejar.
“Planejamento
é ato, é uma atividade que projeta, organiza e sistematiza o fazer
docente no que diz respeito aos fins, meios, forma e conteúdo.”
(Farias
2014, p 106-107) Explanados
os problemas enfrentados pelo modelo de planejamento adotado na
maioria das escolas atualmente e os problemas que desmotivam os
professores, Isabel Farias parte para a prática do planejamento e
suas etapas.
O
planejamento nos permite refletir sobre nossa prática e
compreendê-la melhor. "...os planos de ensino potencializam a
reflexão sobre a prática docente." (Aguiar Junior 2005, p3)
É
no planejamento que definimos não
só os conteúdos de acordo com o calendário escolar, mas também
delimitamos questões importantes, como ' o que queremos que nossos
alunos venham a fazer, a conhecer? Por que este conteúdo e não
aquele? quais atividades? Com qual tempo e recursos contamos?'
(Farias
2014,
p 107) Aguiar
Jr também delimita questões importantes a se pensar no processo de
construção do planejamento,
"O
que farei para romper a passividade dos meus alunos em sala de aula?;
quais situações irei apresentar como problema inicial a
motiva o estudo do tema?; como recuperar o que os alunos já sabem a
respeito do tema ou outros conhecimentos a ele relacionados?; que
recursos irei utilizar para tornar a aula mais interessante e
motivadora?; que situações irei utilizar para introduzir as
explicações ou narrativas da disciplina acerca do tema?; como irei
favorecer o trabalho dos alunos com essas idéias?" (Aguiar Jr
2005, p 1).
Outra
característica importante do planejamento, defendida por Farias, é
a flexibilidade, sendo este aberto para avaliações e correções.
Vale
ressaltar também os dizeres de Aguiar Junior, afirmando que não é
possível prever as reações dos alunos diante de uma situação de
ensino, podendo uma aula seguir um rumo completamente diferente do
planejado, sendo que isso não descarta a importância de planejar.
Por isso, vale seguir o conceito de Morin, tomando o planejamento
como uma estratégia e não um programa. É
importante também a mobilização de toda a comunidade escolar,
construindo-o de forma coletiva. Farias defende a idéia
de um planejamento participativo e contextualizado com as
necessidades da escola, dos professores e dos alunos, fazendo com que
os membros da comunidade escolar se sintam reconhecidos, sendo que o
sentimento de segurança é condição para a realização de um bom
trabalho.
Farias
mostra que é vital para o ato de planejar compreender que este não
é um ato neutro. Nele o professor expressa seu poder de mudar os
rumos do fazer pedagógico. “Ultrapassar
o discurso do reconhecimento das mútuas relações ente planejamento
educacional, institucional e de ensino nos parece fundamental para a
construção de uma prática que possibilite a escola e aos seus
professores atuarem com autonomia no delineamento de seu trabalho.”
(Farias 2014, p 112-113)
“A
tarefa de planejar a ação docente envolve refletir sobe o para quê,
o quê, como e com quê ensinar e sobre o resultado das ações
empreendidas. As respostas a esses questionamentos traduzem os
elementos constituintes dos planos, a saber: objetivos, conteúdos,
metodologia, recursos didáticos e sistemática de avaliação.”
( Farias 2014, p 114)
Para
Farias, os objetivos diz respeito ao destino, aos resultados e
propósitos da ação, expressa idéias, valores e projetos do que
deve ser o aluno como sujeito na sociedade. “Os
objetivos são horizonte e alicerce, fundamento e guia da nossa
prática.” ( Farias 2014, p 115)
Sobre
os conteúdos, Farias expõe a necessidade de se repensar a forma de
seleção, organização e trabalho dos saberes escolares. Devemos
interrogar qual verdade é retratada nos conteúdos e se trazem
respostas as necessidades e interesses dos alunos. Aguiar Junior
aponta que o conteúdo que os estudantes aprendem nem sempre são os
mesmos que se ensina, e que o aprendido é o resultado do diálogo
entre o que já se sabia e a nova informação, reafirmando a
necessidade apresentada anteriormente por Farias.
Ainda
sobre a metodologia, Farias atenta para a necessidade de romper com a
concepção tecnicista de aprendizagem, pautando o fazer pedagógico
como ato contínuo e coletivo. Os recursos didáticos atuam como
atores coadjuvantes, suportes á ação docente.
Por
fim, Farias apresenta a avaliação da aprendizagem. Indaga a
utilização da avaliação apenas como meio de classificação do
aluno como apto ou não apto para a próxima etapa. Para ela, a
avaliação deve ser feita durante todo o processo, como forma de
avaliação se o planejamento está cumprindo seus objetivos, e deve
ser abrangente, tomando o indivíduo como um todo. Aguiar Junior
também defende que a avaliação deve ser feita durante todas as
etapas do processo de ensino, complementando que o professor deve
elaborar estratégias pedagógicas adequadas para cada etapa da
sequência de ensino. Farias também apresenta ainda as anotações
individuais em diário, discussões em grupo e autoavaliação e
conselho de classe como outras possíveis formas de avaliação, a
fim de avaliar não só o conhecimento acumulado, mas também a
habilidade de processá-lo, construí-lo e utilizá-lo em situações
reais de seu cotidiano, além de conviver em grupo, participar de
discussões e se posicionar. Isto sem desconsiderar a avaliação
escrita, que também se mostram eficazes para avaliar a capacidade de
ordenação de idéias, argumentação, fazer relações, análise,
compor síntese, etc.
Já
em seu trabalho, Aguiar Junior delimita etapas para contribuir com a
estruturação das atividades, sendo elas:
-
Sensibilização/ problematização inicial: Atividade que perturbe o equilíbrio cognitivo do estudante, fazendo-o criar interesse para o assunto que vai ser apresentado.
-
Desenvolvimento da narrativa do ensino: A partir da avaliação dos conhecimentos prévios da turma, definir as abordagens adequadas para tratar o assunto segundo seus objetivos.
-
Aplicação dos novos conhecimentos: Trata-se de uma atividade onde o aluno deve utilizar o conteúdo apresentado para solucionar um problema.
-
Reflexão sobre o que foi aprendido: Planejar uma atividade que permita comparar o estágio inicial da turma com o estágio final, promovendo uma tomada de consciência.
FARIAS, Isabel Maria Sabino de (et al).Planejamento da Prática Docente. IN: Didática e Docência: Aprendendo a Profissão. Brasília. Liber Livro, 2014.
AGUIAR-JUNIOR, O. G. de. O Planejamento do Ensino. Proposta de Desenvolvimento Profissional de Educadores. PDP. IN: Módulo II. Governo do Estado de Minas Gerais, 2005.
Adorei a página e s forma que está colocado o conteúdo!!!!!!!!!
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