O
estágio curricular de introdução ao campo tem sido realizado no Centro
Socioeducativo de Justinópolis. O Centro é de responsabilidade da SUASE,
que pertence à Secretaria do Estado de Defesa Social – SEDS, responsável pela
execução direta da medida de internação e da medida de semiliberdade para
menores infratores, sento que o referido centro é de internação.
O CSJUS possui capacidade para 60
jovens, sendo considerado de referência na região metropolitana por possuir um
alojamento para cada adolescente e uma equipe multidisciplinar completa,
embora, atualmente, há 96 jovens cumprindo medida.
A medida apresenta um caráter
educativo e não punitivo. Os jovens privados de liberdade do centro estudam
pela manhã em uma escola que se situa dentro do próprio espaço de detenção e
atende somente a eles, onde recebem intervenções a fim de equipara-los nas
capacidades escolares específicas de sua idade.
Além de realizarem oficinas
profissionalizantes no centro durante o período da tarde, a equipe de
atendimento também busca parceria com entidades exteriores, á exemplo o Centro
de Formação Profissional Divina Providência, o Senai e a Ong Mudança Já, onde
os jovens são deslocados acompanhados de agentes socioeducativos até o local do
curso.
Pude presenciar o momento de
socialização da formatura de alguns jovens do curso de bombeiro hidráulico do
Pronatec- Senai, onde estavam presente a diretora do centro, o professor do
senai responsável pelos meninos e alguns membros das famílias dos jovens. Foi
permitido a cada um convidar 3 pessoas da família, todavia somente 4 jovens
estavam com seus pais.
Cada jovem é acompanhado
individualmente por profissionais de referência, sendo estes a assistente
social e psicóloga . Os encontros são semanais, e a cada encontro é elabora do
um relatório que é anexado na pasta do jovem. A cada 6 meses é realizado um
estudo de caso, onde se reúnem os profissionais de referência, a diretora do
centro, a pedagoga, um representante jurídico e o supervisor de segurança, onde
é discutido a situação do adolescente; como anda o processo, caso ainda esteja
em trâmite, os motivos que o levaram á internação, a estrutura familiar e o
desenvolvimento do mesmo no decorrer da medida.
A medida não tem um tempo estipulado,
o mínimo é de 6 meses e o desligamento do jovem é decidido no estudo de caso,
quando os profissionais discutem se ele está apto ou não á retornar para a
sociedade.
Também é feito um atendimento
extensivo com a família do jovem, que muitas vezes é desestruturada
financeiramente e psicologicamente. No diálogo com a família, é possível
perceber que os assistentes sociais sempre insistem na mudança de endereço dos
mesmos. Quando indagada sobre isso, a assistente social Luisa afirmou que a
mudança é essencial, a fim de afastar o jovem do meio que o levou a cometer o
ato infracional.
A família também é encaminhada para a
"rede", que inclui o posto de saúde próximo de sua residência e o
CRAS, que fornecem atendimento básico, com psicólogos, médicos e cestas básicas
para as famílias, além do encaminhamento para cursos profissionalizantes.
Em relação as
visitas, os jovens podem receber até três familiares por semana, sendo que
estes tem que optar entre as terças, quintas e domingos, sendo o ultimo
preferencial para os que trabalham.
Somente é permitido um dia na semana
para cada jovem, e os visitantes devem realizar um cadastro prévio para a
visitação e seguir as normas internas, que incluem vestimenta e os alimentos
levados aos jovens. A visita de amigos, namorada e primos é analisada pelos
profissionais de referência, que na maioria dos casos as vetam.
Os jovens também podem enviar e
receber cartas de quaisquer pessoas, sendo que todas elas são lidas pela equipe
administrativa, que, dependendo do se conteúdo, proíbem o envio ou a entrada da
referida carta.
Nos finais de semana os jovens
praticam esportes como futebol e natação, possuem um momento para assistir
televisão, ou somente ficam em seus alojamentos, escrevendo. Alguns são
beneficiados com o "final de semana", onde os pais assinam um termo
de compromisso e buscam os jovens no sábado ás 8:00 e os levam de volta no
domingo ás 18:00.
Isto somente é
permitido quando os profissionais do centro percebem uma real melhora
comportamental do jovem. Atualmente, apenas 2 jovens possuem este benefício.
Os momentos destinados ao CSJUS estão
sendo extremamente proveitosos, já tive oportunidade de acompanhar a diretora,
a pedagoga e uma assistente social. Acompanhei visitas, estudos de caso,
reuniões pedagógicas na escola e a formatura de alguns jovens no curso do
Pronatec.
Pude fazer entrevistas com vários
profissionais e tirar dúvidas sobre o trabalho de cada um deles. Pude perceber
que a equipe trabalha muito em conjunto, sendo que todos os setores do CSJUS
são bastante interligados e o atendimento aos jovens e suas famílias é bastante
intensivo.
As anotações tem sido feitas em
momento posterior as visitas, embora muito tem sido gravado em áudio. O
cronograma tem sido bastante instável, os dias e horários de visita tem sido
regulados de acordo com os acontecimentos do Centro, de forma a presenciar
todos os momentos relevantes. Os profissionais foram bastante receptivos e me
deram abertura para organizar as 30 horas de acordo com minhas necessidades.
O estágio tem superado minhas
expectativas. O atendimento aos jovens é feito de modo a formar uma rede que
envolve a ele e seus familiares próximos, cultivando uma real possibilidade
desse jovem se agregar a sociedade e ao mercado de trabalho. São relatados
vários casos de sucesso, inclusive de um jovem que ingressou na
universidade.
Outro fato admirável é o
envolvimentos dos profissionais e como vibram a cada contato bem sucedido,
demonstrando que eles realmente acreditam e investem na reabilitação destes
jovens.
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